Não que eu seja reclamão, mas tem cada ‘humano’
por aí que envergonha a espécie, se não fosse pouco criarmos bichos em
cativeiro, para depois sacrificá-los friamente, esquartejá-los, queimá-los e comê-los
, ou capturar animais selvagens nas poucas florestas que ainda restam para
expô-los em zoológicos, como se fossem tela ou escultura de artista famoso, usá-los para testar remédios e
cosméticos ou torturá-los em circos, rodeios ou rinhas(sim, isso ainda acontece
mundão afora), ainda há nos tempos de hoje caçadores de pássaros silvestres,
traficantes de vidas, bandidos que roubam a natureza, a liberdade de viver,
roubam o céu , Luiz Gonzaga retratou na canção ‘Assum Preto’ a prática de furar
os olhos do bichinho, para ele achar que é noite e cantar o dia inteiro, como
se o cativeiro não fosse maldade suficiente. então me pergunto qual a
justificativa para aprisionar um ser alado, é crime ter um belo canto, voar ou
ter uma bela plumagem? Tem limite a crueldade humana? Já ouvi cada desculpa
esfarrapada, mas a pior delas é que ‘se eu não prender, outro prenderá’(ainda
bem que os estupradores não pensam assim, já pensou?), mas a verdade é que há
um mercado e ‘se ninguém comprar, não haverá’, e assim os mercadores de
escravos vão ganhando seus trocos, suas misérias , e acabando com o pouco do
belo que ainda nos resta. melhor seria visitar a natureza para ouvir os
pássaros cantar, meditar, respirar um ar puro, espairecer da correria do dia a
dia, mas o egoísmo é tamanho que tem que aprisionar os pobrezinhos para cantar
só para eles, lembro de um poema que escrevi algum tempo atrás, se chama
‘Liberdade’ e é assim:
O mesmo pássaro que canta pra mim
Canta em outros portões
Outras árvores, outros telhados
Outras antenas, outros cantos
Muitos cantos
Cantam por aí, no céu
Sempre fugindo dos gatos...
E dos homens.
Será que esses carcereiros, algozes cruéis
conseguem imaginar como deve ser bom voar?, ver o mundo de cima, o nascer , o
por do sol, morar na copa de uma árvore, cantar a alegria de viver . Diz o dito
popular: pássaro preso não canta , se lamenta; é como a origem do blues nos
campos de algodão estadunidenses. Fica a última pergunta de indignação.
Não seria melhor plantar árvores em todos os
quintais e calçadas, e cuidar do que nos resta dessas florestinhas urbanas?
Certamente nossos amiguinhos alados viriam nos brindar com sua companhia e seus
cantos divinos.